Permanece a mesma cidade, a mesma casa, o mesmo lugar, o mesmo quarto, o mesmo celular, o mesmo curso, o mesmo caminho, o mesmo rumo e um destino. Permanece a mesma saudade, a mesma nostalgia, a mesma tristeza, a mesma alegria, o mesmo ser para mim e não para você, a beleza está nos olhos de quem a vê. Permanece o mesmo cabelo, o mesmo olho (com alguns graus a mais de miopia, mas ainda é o mesmo), a mesma maquiagem, o mesmo estilo de roupa e outros estilos de música se agregam. Permanece muitos patinhos em uma poça de lágrimas (talvez suas) perguntando por que tanto você chora ou por que tanto ri? Mas isso permanece em segredo. Nem você mesmo sabe.
Permanece a mesma chave, o mesmo baú está atrás de você, você é o mediador entre as outras chaves da plateia, todos têm a dizer o mesmo, mas buscando diferentes pontos e você permanece com a chave na mão. E que permaneça vida em meio a solidão. E nenhum motivo para abrir o baú atrás. Jogar a chave pro alto é o melhor a se fazer. E aí cobranças velhas e antigas, financeiras ou fisiológicas, estão sempre a sua porta, mas nem sempre são boas visitas. O tédio é a palavra chave e a preguiça o destrinchar do seu próprio texto. É que ficar em casa torna-se fantástico quando não se tem tantos amigos ou você só quer uns dias para baixo e curtir os sentimentos mais profundos para se renovar. Ou mesmo se afogar em suas próprias lágrimas, já que ninguém quer ouvir os seus problemas e ninguém como um todo quer saber disso ou daquilo, mas todos querem sua atenção.
Permanece a mesma forma da unha, o mesmo sons ambientais, a mesma energia (um pouco mais desgastada), o mesmo enfado, o mesmo do mesmo de sempre, a mesma alimentação, a mesma rotina. Tudo é o mesmo. Você adoraria mesmo só ir ao supermercado e comprar muitas comidas nem tão saudáveis, mas que preenchem aquela vontade instantânea de prazer aos sabores de infância. Permanece o mesmo sorriso, a mesma risada, a mesma orelha furada e um único furo, a pele sem tatuagens, a vida sem malandragens, mas continua esperando o ônibus da escola sozinha, sem aquela meia 3/4. Permanece a vontade de sonhar, de dormir quase toda hora, de fazer malabarismos com aquela louça na pia, de terminar tudo da faculdade para curtir o seu programa de TV favorito. Permanece as conversas entre a criança, a juventude e a adulticidade, sem a esperança da famosa maturidade bater em sua porta e você também, não quer abrir, nem fechar... Ela entra se quiser!
Permanece você para você e você para os outros. Sua voz gravada nem é tão agradável, mas ao vivo nem é pior, talvez seja uma questão de "não preferir uma voz assim". Lugares que tenham cadeiras para sentar são os melhores. Delegacias não são tão divertidas quanto nos filmes, nem as confissões do confessionário ao padre. E no fim de tudo percebe-se que o que mudou mesmo foi a sua visão e o que precisa ainda é desturvá-la mais.
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