28 anos, eu te reconheci:

Eu vejo o relógio digital que não faz barulho me contar os minutos e os segundos em silêncio. 

Vejo que a imensidão do mundo não é comparada ao giro do catavento. A ventania sopra em uma direção, sem rumo, é só seguir.

Nunca entendi em que esfera eu me encaixei, mas planejei aqui estar. 

O texto de hoje, é para mais eu refletir do que ensinar. Ou ensaiar. 

Será que os anéis de Saturno deram uma volta no meu corpo e me fizeram dançar num bambolê, sem percalço largo, para ver até aonde aguentaria?

Aguentei. Respirei. Sobrevivi. Resisti. 

Brinquei com momentos das memórias, tentei lembrar só das coisas boas, mas alguém me avisava que, dentre elas, um flash de um erro não parecia vir à toa, à tona. 

A idade é o de menos.  Eu sinto que ela pesa. Aos poucos. 
A coluna se colide com outros rumos, que sustentam a carga de um corpo em inércia.

O bambolê diz: Dance!

Já tentei apenas mexer as mãos, mas o maior problema foi que para rebolar, o braço não tinha a estrutura da cintura. 

E o bambolê dizia: Segura! 

Isso talvez seja que meu lado maduro não esquece de ser criança. E meu lado racional foi pro lado igual ao de antes. Sem saber ao certo o dia de cada vez que vivo, mas sobrevivo. Achei que seria mais difícil encontrar, até que foi uma lição razoável. 

Os pés no chão estão cansados, achei que seria mais fácil. Você prometeu que seria apenas um sonho, Alice! 

Vou ainda hoje dormir antes da meia-noite, os olhos pesam, às vezes nem sempre é assim, né, insônia?
Me encontrei com 28 anos sem saber analisar o caminho, mas o destino vai proteger para que eu ande distraída. 
Não quero um epitáfio, não desejo abraçar o mundo com as pernas. Eu só quero saber se aqui é sobre ir até o fim do mundo, nem que seja não sair do lugar que nasci. 
Eu não peço nada em troca, eu desejo o dobro desse bebê astrológico. Estou pronta.

Chegando os 29 e eu nem tenho expectativas. Não quero definitivamente tê-las.

Amém.  

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