Cartas para uma ex-adolescente tóxica:

 Oi! 

Eu não sei se me conhece, mas eu sou você. 

Um pouco adulta. Mas ainda sou você. 

Eu não sei se vai lembrar quem você era, mas é que hoje me bateu uma vergonha, pela tamanha tosquice de adolescente que você já fez. E enumero em plurais as suas insensatez. 

Você inventou tanta coisa para que os outros gostassem de você. 

E tirou vantagem com algumas manipulações. 

Você fez com que outros se apaixonassem por você, mas não existe nenhuma forma química que junte óleo à água. 

Você foi tão chata, a ponto de atormentar aquela sua amiga no Facebook (rede que bombava na época) só para mentir, fingir que estava doente e perguntar um remédio bom para aquilo, sendo que sua amiga só tinha o sonho em ser médica e sentia culpada por não poder te ajudar. 

E você só queria atenção. Mas por quê? 

Sua vida estava um inferno e você não sabia muito bem como catalisar isso numa meditação. Talvez porque a moda da yoga não fosse tão evidente nas mídias sociais. 

 E você, queria ir embora de si mesma, quando mal sabia que ali, lhe cabia todos os seus destinos. 

Mas você, você era tão encastelada a ponto de ver o mundo muito cor-de rosa e esquecer a variação entre preto e azul. 

É ainda complicado ter um pouco de você. 

E a gente se pega refletindo. 

Você não era a melhor guarda segredos. 

Você contava tudo a alguém. E você se esqueceu de ser BFF também. 

 Enquanto a vida adulta te assusta, na posição dela, eu te diria que é até melhor ver o mundo por esse ângulo e, aprender os momentos cíclicos e de outras formas geométricas e no angular de 360°, que a cada dia a terra (que não é plana) te ajudará a entender que o manual da vida se aprende aos poucos e não é com um qualquer modo que a gente aprende a enxergar. 

Nessa fase de adolescente, a gente costuma ir de um extremo ao outro e esquecer o meio termo, nos polarizamos e somos vistos como um bicho de 7 cabeças (porque vamos dos 12 aos 19) numa intensidade que transforma e redescobre. 

Passamos por mudanças e vamos de desencontros, até o aconchego em si mesmos/as. 

Eu tinha medo do que poderia me tornar, mas hoje vejo que estou melhor assim.

Vi que já falei tanta bobagem que não há pra quê desculpa. 

Só o autoperdão me fez enxergar quem você era, para ver o que retornei e o que despertei. 

E eu só queria ver o mundo lá fora, de janela aberta, dedilhando um piano e compondo qualquer coisa, em versos mais simples, sobre as sutilezas que essa transmutação me regogizou. 

E sigo ainda pensando numa xícara de café para despertar dos sonhos que impedem pôr os dedos bem encharcados de areia e cravados na terra. 



Xoxo, 

MM's. 


Comentários